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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Profissionais noturnos

Aqui vai uma matéria a qual eu achei muito importante pois se trata de uma gama de profissionais que lutam contra o tempo, sacrificam a saúde e uma séries de fatores para terem uma vida mais dígna ou ate mesmo pra sobreviver,inclusive me encaixo nesse pessoal aí sofrido.

Trocar o dia pela noite. Ficar acordado enquanto a maioria da cidade dorme e descansar quando muitos estão se levantando. O trabalho noturno é quase um estilo de vida, que garante, ainda, um salário maior do que a mesma função exercida em horário comercial. Mas nem tudo são flores para quem troca o dia pela noite na hora de garantir o pão de cada dia. Entre os prejuízos nessa mudança no horário biológico destacam-se maior propensão ao estresse, crises de ansiedade e cansaço emocional.

De acordo com Alexandre Iunes Machado – conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Goiás, especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho –, este retorno financeiro, segundo a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), é de 20% sobre a hora trabalhada – isso na zona urbana. Para trabalhadores do setor rural é de 25%. A regra vale somente para empregados de pessoas jurídicas com fins lucrativos, registradas ou não. Não estão inclusos os trabalhadores domésticos.

Adicional – Alexandre Iunes explica que, na zona urbana, é considerado trabalho noturno aquele que se exerce das 22h às 5h. Na rural, a situação muda um pouco: pecuária, das 20h às 4h, e agricultura, das 21h às 4h. Isso porque as atividades no campo costumam ser iniciadas mais cedo. Além de cada hora render mais em dinheiro – como prevê a CLT –, com o chamado adicional noturno, ela também vale menos em proporções de minutos. É definido que os 60 minutos do dia equivalem a 52 minutos e 30 segundos da noite.

Ele informa ainda que, se a jornada de trabalho for até de 4h, não há intervalo para repouso ou alimentação; se for superior a 4h e não excedente a 6h, o intervalo deve ser de 15 minutos e quando se excede as 6h de no mínimo uma e no máximo duas horas. “Essas normativas mudam no caso de acordo ou convenção coletiva”, diz. Alexandre Iunes acredita que a Legislação Trabalhista é bem equilibrada. E comenta que as escalas – como de 12h horas trabalhadas por 36h de descanso – dão mais qualidade de vida e segurança aos trabalhadores do período noturno.

Na opinião de Janete Capel, psicóloga e consultora em Recursos Humanos, os prejuízos são maiores do que os benefícios para quem trabalha no período noturno. Isso porque o organismo tem um funcionamento tanto biológico quanto psíquico, tendo sido a noite “feita” para descansar e possibilitar a reposição de energia.

Entre estes prejuízos à saúde estão os de ordem emocional que a prática (troca de horários) acarreta, como a maior propensão ao estresse, crises de ansiedade e cansaço emocional. Todos esses fatores influem diretamente no humor da pessoa. “A tolerância de quem trabalha à noite fica diferente e a personalidade alterada. É comum a irritabilidade, déficit de atenção e prejuízos no desempenho profissional.”

O DJ Vinício Gomides – o DJ Vinny –, 19, garante que há vantagens em se trabalhar à noite, período do dia em que ele considera que o faz render mais profissionalmente. Há um ano nesta ocupação, ele conta que demorou uns três meses para se adaptar. “Não preciso dormir mais que seis horas. Além disso, faço faculdade de Administração no período da manhã e durmo à tarde, revela. Vinny trabalha às quartas, quintas, sábados e domingos.

É aos sábados que sua rotina “é mais pesada”, começa às 21h e só termina lá pelas 5h. O DJ, que mora sozinho, acredita que o fato de trabalhar em um local onde os amigos freqüentam torna as coisas mais fáceis. “Minha vida social é legal. Trabalho com o que gosto e me divirto”, ressalta.

Tempo para os estudos


Apesar dos riscos, há quem defenda o trabalho noturno, é o caso de Ronivon Alfredo de Brito, 35. Há cinco anos ele trabalha na fiscalização e monitoramento de uma empresa de segurança com sede em Goiânia. Sua escala é de 12h por 36h. Ronivon acredita render mais no período da noite, horário em que diz ter prazer em trabalhar.

Segundo ele, a flexibilidade no horário de trabalho é um fator positivo que lhe permite aproveitar o dia livre para fazer cursos de aperfeiçoamento profissional. Quanto a vida pessoal, Ronivon, que é casado com a funcionária de setor de limpeza Detine Maria de Jesus, 23, afirma não ter problemas com a esposa. “Ela trabalha meio expediente. Então, as coisas se encaixam”, finaliza.






Noites em claro pedem adaptação


Para quem sofre de depressão, a situação pode se agravar, pois é muito indicado para essas pessoas atividades ao ar livre, durante o dia, porque o sol é um componente muito importante, pois tem influência direta no metabolismo humano. Janete Capel comenta que inúmeras são as dificuldades de adaptação para quem opta por esta mudança no relógio biológico. No mínimo, ela leva seis meses para ocorrer. “Durante o processo de seleção, é comum os profissionais de RH aplicarem atividades de grupo e testes psicológicos, além de entrevistas que ajudam a indicar em que momento do dia a pessoa é mais produtiva”, diz Janete Capel.

Ela lembra que dormir durante o dia é mais difícil e não tem os mesmos efeitos de uma boa noite de sono. Essa mudança do horário altera, principalmente, a parte digestiva, podendo causar dor abdominal e formação de gases, alterando o ritmo do intestino. A mudança pode também causar gastrites e sérios distúrbios no sono e no humor.

Sacrifício para manter família

A jornada de trabalho das 18h às 6h foi a oportunidade que Eurípedes dos Santos Souza, 36, teve de se inserir no mercado de trabalho. Há quatro anos ele é um profissional do período noturno. Foram três anos como operador de central de ar-condicionado, e, agora, um ano como porteiro. As escalas de 12 horas trabalhadas por 36 de descanso não são suficientes para o livrar da irritabilidade que a profissão noturna lhe impõe. “Mesmo depois de tanto tempo ainda não acostumei. É terrível quando o sono bate de forma incontrolável. Gostaria de arrumar um serviço fixo durante o dia. Além de porteiro, faço pequenos bicos em jardinagem e reparos elétricos. Entra um dinheirinho que não é suficiente para deixar o trabalho noturno”, fala. Eurípedes comenta ser difícil conciliar o horário com a família e amigos. “Cada um se sacrifica como pode para manter a qualidade do relacionamento”, diz.

Sem vida familiar

A psicóloga chama a atenção que a vida familiar e social, de quem trabalha no período noturno, também acaba sendo comprometida. Isso porque há casais em que um dos companheiros trabalha durante o dia e o outro à noite. O tempo de estarem juntos é só aos finais de semana.

Mas neste caso um outro compenente pode prejudicar: a indisposição, que pode colocar o relacionamento em risco. É preciso ter jogo de cintura para manter a união. Quanto à vida social, a dificuldade reside no fato de perder-se o tempo livre à noite e nos finais de semana.

Mas, segundo a psicóloga Janete Capel, uma das vantagens do trabalho noturno é ter mais tempo livre durante o dia para o aprimoramento profissional, fazer cursos de qualificação ou exercer atividades que rendam dinheiro extra ao orçamento. Outro fator é a possibilidade que o trabalho noturno dá para o mercado no que diz respeito à flexibilização na oferta e nos serviços, no comércio e no lazer.

Por fim acho que essa foi a matéria que merecia um bom comentários dos internaltas de" plantão" e que não estiverem de "plantão" tambem!
MUITO OBRIGADO !